e pensar que hoje é o aniversario de 23 anos que ele morreu...
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião (1912 – 1989)
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara,
povoado do Araripe à 12km de Exu, filho de Januário José dos Santos e Ana
Batista de Jesus (Mãe Santana). Foi batizado na matriz de Exu no dia
05 de janeiro de 1913, cuja celebração batismal, foi realizada pelo Padre José
Fernandes de Medeiros. Desde sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de
oito baixos, instrumento este, executado por “Pai Januário” no qual começou
seus primeiros acordes.
“Luiz de
Januário” como era conhecido na infância, aos 8 anos de idade substitui um
sanfoneiro que falhou no trato em festa tradicional no terreiro de Miguelzinho
na Fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Naquela noite o
pequeno Lula deleitava-se tocando e cantando a noite inteira, e pensava na
possibilidade de Dona Santana deixar ele tocar mais vezes. Luiz Gonzaga tocava
feliz porque era a primeira noite que tocava com a permissão de “Mãe Santana”.
Naquela noite ele recebeu pela primeira vez o cachê de 20$000 rés. Luiz Gonzaga
recorda as palavras de Dona Santana que pareciam ter uma esperança de tocar com
sua permissão: “Luiz! Isso é gente pra tocar
em dança? (…) E se o sono der nele pru lá?” Luiz Gonzaga ia crescendo, com
sua simpatia e esperteza conseguiu agradar Sinhô Aires, passando a ser o garoto
de confiança do Cel. Sua primeira sanfona era de marca “veado” comprada na loja
de Seu Adolfo em Ouricori, Pernambuco, com a fiança do Cel. Manuel Aires de
Alencar, o Sinhô Aires, custando 120$000 rés.
(Em 1915 nasce
no Iguatu, Ceará, Humberto Cavalcanti Teixeira que mais tarde se tornaria
parceiro de Luiz Gonzaga. Em fevereiro de 1921 nasce em Carnaúba, distrito de
Pajeú das Flores, José de Sousa Dantas Filho que posteriormente se torna
parceiro de Luiz Gonzaga. Em 1926 nasce em Gravatá, Pernambuco, Helena das
Neves Cavalcanti, futura esposa de Luiz Gonzaga).
O futuro de
Gonzaga estava realmente na sanfona, profissão posteriormente executada em todo
Brasil, graças às observações aos dedos ágeis de “Pai Januário”. Antes de
Gonzaga completar 16 anos já era conhecido no Araripe e em toda redondeza. Aos
17 anos o filho de Januário apaixona-se por Nazarena, filha de um Alencar. O
padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo sabendo da inclinação do jovem
sanfoneiro pela menina-moça, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga muito
magoado com a situação resolve então encará-lo num sábado na feira do Exu, e
disse ‘as do fim!’. Foi por causa de
“Nazinha”, como a chamava, que Gonzaga levou uma surra de Dona Santana, por
ocasião de seu atrevimento com o senhor Raimundo Deolindo, fugindo de casa em
1930.
Lula resolve
então arranjar uma maneira de fugir de casa, foi quando com a ajuda de Zé de
Elvira, com quem armou sua fuga, caminhando a pé cerca de 65Km de Exu ao Crato.
Chegando ao Crato Luiz Gonzaga vende ao lavrador, o senhor Raimundo Lula, sua
sanfona por 80$000 rés. Essa decisão na vida de Luiz Gonzaga foi em julho de
1930, quando chega a Fortaleza e alista-se no 23º Batalhão de Caçadores do Exército,
servindo no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo
Horizonte, Campo Grande e no Rio de Janeiro. O então soldado de n.º 122, ganha
fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”,
por ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas Gerais, no dia
27 de março de 1939 e viajou para o Rio de Janeiro, para esperar o navio que o
levaria a Recife, em seguida a Exu. Resolveu então a convite de um amigo,
foi ganhar a vida tocando no Mangue, com uma sanfona de 80 baixos, uma
Horner branquinha, sua primeira sanfona branca comprada em São Paulo. Vale
ressaltar que a partir de então, Luiz Gonzaga só usa sanfona branca até o final
de sua vida.
Em 1940 Gonzaga
conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma dupla tocando no
Mangue e nas casas noturnas (cabarés), do Rio de Janeiro. Ele começou tocando
músicas de Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva, começou a
apresentar-se nas rádios em programas de Calouros. Em 1941 conhece Januário
França, no qual transmite a Gonzaga um convite de Genésio Arruda, para
acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor. Logo em seguida é convidado para
gravar um disco solo; grava dois, e nos cinco anos seguintes, Luiz
Gonzaga grava cerca de 30 discos. A partir de 1941, Luiz Gonzaga já tinha
o título de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.
Luiz Gonzaga
sofreu muito no Rio de Janeiro, para se firmar artisticamente. Com muita luta e
vencendo as ironias de Ari Barroso, em 1942 Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso
nas emissoras de rádio. Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em
seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Recebe neste ano o
apelido de “Lua”, por Paulo Gracindo. Em
1945 Luiz Gonzaga conhece o futuro grande parceiro, o advogado Humberto Cavalcanti Teixeira,
nascido em Iguatu, Ceará. No dia 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou seu
primeiro disco em voz.
No dia 22 de
setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o
Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos,
cantora e bailarina profissional do coro de Ataulfo Alves. Gonzaga conviveu com
Odaléia, cerca de 5 anos. Odaléia faleceu de tuberculose em 1952, quando
Gonzaguinha tinha 7 anos (vale ressaltar que Gonzaguinha nesta época já morava
com os padrinhos Xavier e Dina no Morro de São Carlos).
Em 1946 com
Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e grava a primeira de uma série de 18
parcerias: NO MEU PÉ DE SERRA. O sucesso de Gonzaga com esta música
começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a correr pelo mundo:
Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga resolve então rever a
família, e chega em casa pela madrugada. Fica frente a frente com Seu Januário
e é interrogado: “Quem é o Sinhô? Luiz Gonzaga
seu filho! Isso é hora de você chegar em casa corno sem vergonha!?” Deste encontro, Luiz Gonzaga com
Humberto Teixeira, compõem a música RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele
homem que foi o responsável pela inclinação do“negrinho
fiota” para a
música. Em 1947 no mês de março, Gonzaga gravou a música ASA BRANCA, que foi
inicialmente refutada pelo diretor. A música ASA BRANCA começou a receber
diferentes interpretações e gravações em vários países, como Israel e Itália.
Em julho de 1947, na Rádio Nacional, Luiz Gonzaga conheceu Helena das Neves
Cavalcanti, sua futura esposa.
No dia 16 de junho de 1948 Luiz
Gonzaga casa-se com a contadora pernambucana Helena das Neves Cavalcanti, natural de Gravatá – PE, (segundo a cronologia de Assis Ângelo, Luiz
Gonzaga já era estéril, mas sobre sua esterilidade fica muito oculto por
ocasião de Gonzaga não dá ênfase a esta questão). Luiz Gonzaga resolve então
fazer um passeio para apresentar a esposa a “Pai Januário”, que não pôde ir ao Rio de Janeiro para o
casamento do filho. Neste dia 05 de abril de 1949, Luiz Gonzaga soube a
caminho, que no dia anterior tinha começado em Exu um conflito político entre
as famílias Alencar, Sampaio e Saraiva.
Em 1949 Gonzaga
conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho.
Com o novo parceiro, Gonzaga grava no dia 27 de outubro, o baião VEM MORENA e o
FORRÓ DE MANÉ VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho fiota”,
que saiu lá das bandas do Exu para conquistar o coração dos brasileiros. No dia
01 de novembro de 1949, Seu Januário, Dona Santana, Geni, Muniz, Chiquinha,
Socorro e Aloísio seguiram para o Rio de Janeiro, no caminhão comprado por Luiz
Gonzaga.
Em 1950 o Lua
recebe dos paulistas o título de “REI DO BAIÃO” que o
consagra até nossos dias. Neste mesmo ano “Lua” grava também a toada ASSUM
PRETO e os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste período está no auge de
sua carreira. A música PARAÍBA foi gravada por uma cantora japonesa Keiko
Ikuta, e também pela Emilinha Borba. Em 1951 Luiz Gonzaga coroou a cantora
Carmélia Alves como a “RAINHA DO BAIÃO” na Rádio Nacional, no programa “NO
MUNDO DO BAIÃO” de Humberto Teixeira e Zé Dantas. No ano de 1952 Luiz Gonzaga
tentou projetar para todo o Brasil, nos festejos juninos o talento
musical da família através das rádios Tupi e Tamoio tendo como atração, OS SETE GONZAGAS:
Seu Januário, Luiz Gonzaga, Severino Januário, José Januário (Zé Gonzaga),
Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1953 grava ABC DO SERTÃO, VOZES DA
SECA e a A VIDA DO VIAJANTE. Neste mesmo ano Luiz
Gonzaga assume plenamente sua identidade nordestina, começando a usar o gibão
de couro. No dia 09 de julho de 1954 mataram em Serrita Raimundo Jacó, primo de
Luiz Gonzaga. Em 1959 Dona Marieta, mãe de Dona Helena, veio a falecer no Rio
de Janeiro. O Rei do Baião não parava, andava por todo o País cantando e
decantando o Nordeste. No amanhecer do dia 11 de junho de 1960, Dona Santana,
mãe de Luiz Gonzaga, falecia no Rio de Janeiro, com a doença de chagas. A
partir de 1960 Luiz Gonzaga começa a ser esquecido dos meios de comunicação, e
faz então um desabafo a Dominguinhos: “EU VOU PARAR DE CANTAR BAIÃO, POIS NINGUÉM
MAIS DÁ A MÍNIMA ATENÇÃO PRA MINHA MÚSICA. VOU COMPRAR UM TRANSISCORDE PARA
VOCÊ, PRA GENTE FAZER BAILES. EU TOCO CONTRABAIXO, ENQUANTO VOCÊ TOCA ESSE
INSTRUMENTO ELETRÔNICO QUE SAIU AGORA”, (isso foi só um
desabafo, pois Gonzaga continuou compondo baião até o final de sua vida). Neste
ínterim Luiz Gonzaga estava muito dividido, pois Seu Januário morava sozinho no
Araripe, após a morte de Dona Santana. Neste ano o Rei do Baião vinha
constantemente ao Araripe para está junto de “Pai Januário”. No dia 05 de
novembro de 1960 Seu Januário casa-se com Dona Maria Raimunda de Jesus,
cuja celebração foi realizada por Padre Mariano. Aos 72 anos o “Vovô do Baião”
demonstrava sua fé e o respeito a Igreja, testemunhando seu segundo matrimônio.
Em 1961 Gonzaguinha já estava com 16 anos, passou então a morar com o pai. Em
1961, Luiz Gonzaga entra para a maçonaria. Ele compõe com Lourival Passos a
música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros que renunciou, sete meses
após assumir a Presidência da República. No dia 12 de março de 1962, nasce um bebê que é adotado por Seu
Januário e Dona Maria Raimunda com 03 dias de nascido. Seu Januário fez questão
de registrar o menino como filho legítimo, com o nome de João Batista Januário. João Batista continua morando em Exu, honrando
o nome da Família Januário.
Em 1962 a
parceria da dupla (Gonzaga e Zé Dantas), se desfaz por ocasião do falecimento
de Zé Dantas. Em 1963, o REI DO BAIÃO gravou A MORTE DO VAQUEIRO, uma homenagem
a seu primo Raimundo Jacó “morto covardemente”. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga
foi surpreendido com o roubo que fizeram de sua sanfona e conhece o poeta
cearense PATATIVA DO ASSARÉ, de quem grava em 1964 a música A TRISTE PARTIDA.
Em 1964 Luiz Gonzaga faz uma homenagem a Sanfona Branca roubada, com a música
SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança o livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA
BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO, pelas edições A
FORTALEZA. No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalhou
no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas
foi só brincadeira, THE BEATLES não gravaram e o sucesso de Gonzaga começou a
voltar na década de 70. Em 1970 Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira entram na
Coleção História da MPB, editada pela Abril Cultural. Em 1971 Luiz Gonzaga recebeu
o título de “IMORTAL DA MÚSICA BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de Janeiro. Em
1972 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão de Caruaru. Foram os papas do
tropicalismo Gilberto Gil e Caetano Veloso, que proclamaram solenemente que a
moderna canção popular brasileira deitava raízes também na arte atemporal de
Luiz Gonzaga. No dia 24 de março de 1972 no Teatro Carioca Tereza Raquel – Rio
de Janeiro, Luiz Gonzaga faz uma apresentação com o título: “LUIZ GONZAGA VOLTA
PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal. Naquela noite Luiz
Gonzaga faz uma síntese falando de toda a sua carreira musical. Naquela
oportunidade relatou sua estima pelo o estado do Ceará, dizendo: “É por isso que eu costumo dizer que uma banda minha é
pernambucana e a outra banda é cearense!”
No ano de 1973,
o Rei do Baião resolve deixar a RCA Victor e passa a gravar na Emi-Odeon. Ainda
em 1973 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão Paulista das mãos do governador
de São Paulo. Em 1975, o Rei do Baião conheceu Maria Edelzuíta Rabelo,
e correspondia com ela, com o pseudônimo de Marcelo Luiz. Em 1976 Luiz Gonzaga recebe em
Fortaleza o título de Cidadão Cearense. Nos dias 13 e 20 de
agosto de 1976, a TV GLOBO fez um exibição com o título de “ESPECIAL LUIZ
GONZAGA”, tendo a participação de Seu Januário. Em 1977 Luiz Gonzaga entrou na
Versão Brasileira da Enciclopédia Universal Britânica. Seu Januário faleceu num
dos duplex do PARQUE ASA BRANCA em Exu no dia 11 de junho de 1978.
Para sua alegria, no ano de 1980 Luiz Gonzaga canta em Fortaleza para o Papa João Paulo II,
que lhe agradeceu ao pegar em sua mão dizendo: “OBRIGADO, CANTADOR!”.
Luiz Gonzaga fica envaidecido. Em 1981 o velho Lua recebe os dois únicos discos
de ouro de toda sua carreira (vale ressaltar que é segundo Assis Ângelo e
Gildson Oliveira, segundo Dominique Dreyfus Luiz Gonzaga ganhou mais discos de
ouro). Neste mesmo ano, Gonzaga fica feliz quando consegue pacificar Exu. Foi
ao encontro do Presidente da República em exercício para lhe pedir intervenção
e disse: “Dr. Aureliano, faça um esforço
para levar a paz à minha terra!”. Tempos depois feliz com a paz conseguida
para sua terra, em entrevista Luiz Gonzaga diz ao jornalista Assis Ângelo: “NINGUÉM DAVA JEITO EM EXU. EU PEGUEI AURELIANO CHAVES NUMA BOA E
15 DIAS DEPOIS ELE MANDOU INTERVIR (NA CIDADE). A INTERVENÇÃO SE ENCAIXOU QUE
NEM UMA LUVA, E NUNCA MAIS HOUVE CRIME POLÍTICO LÁ”.
Em 1982 Luiz Gonzaga vai tocar em Paris a convite de Nazaré Pereira.
Permaneceu em Paris dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1984
Luiz Gonzaga recebeu o PRÉMIO SHELL. Em 1985 Luiz Gonzaga é agraciado com o
troféu NIPPER DE OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela. Em
1986 Gonzagão vai pela segunda vez à França, participando no dia 06 de julho de
um espetáculo que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de La Villete.
Luiz Gonzaga foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e
Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs
Brésil”. Foi neste passeio que a jornalista francesa, DOMINIQUE DREYFUS, fala
com Gonzagão na possibilidade de com ele, fazer um livro autobiográfico. Ainda
em 1986 José de Jesus Ferreira lança o livro LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO: SUA
VIDA, SEUS AMIGOS, E SUAS CANÇÕES.
Em junho de
1987, a escritora e jornalista DOMINIQUE DREYFUS chega ao Brasil, passando 02
meses no PARQUE ASA BRANCA em Exu. O Rei do Baião desde pequeno trazia em seus
lábios um sorriso sincero e, sempre quando podia, gostava de brincar com os
outros, oportunidade que aproveitava para saber como estava o sertão. Luiz
Gonzaga conheceu e tocou em todos os municípios brasileiros com mais 400
habitantes, inclusive, tocou em Sobral – CE quatro vezes. Tocou pela última vez
nesta cidade, terra de Dom José Tupinambá da Frota, no dia 28 de novembro de
1987. Quando Gonzagão chegava nessas cidades do interior para fazer seus shows,
era anunciado por seu motorista com o seguinte anúncio: “Atenção, atenção! Vem visitar
vocês Sua Majestade o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a maior expressão popular
brasileira. Hoje aqui em praça pública!” A
carroceria de seu caminhão servia de palco em seus shows, por este Brasil
afora.
Em 1988
Mundicarmo Maria Rocha Ferreti lança o livro BAIÃO DE DOIS: ZÉ DANTAS E LUIZ
GONZAGA, fruto de uma tese de mestrado. Em 1988 Luiz Gonzaga rompe novamente o
contrato com a RCA. Em junho do corrente ano, Luiz Gonzaga entra com o pedido
de desquite na justiça pernambucana, por já não se entender com Dona Helena.
Ainda em 1988 Luiz Gonzaga passa a morar com Maria Edelzuíta Rabelo. A senhora Edelzuíta Rabelo nos fala através do livro Luiz Gonzaga:
O Matuto que conquistou o mundo, o seguinte: “Amei Lula sem nada pedir ou esperar, mas
sabendo que me bastava estar diante do homem mais extraordinário que já conheci,
que me fez renascer e me ensinou grandes lições.”
A última
entrevista de Luiz Gonzaga concedida a imprensa, foi para o jornalista Gildson
Oliveira através de Ivan Ferraz no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local
escolhido por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida. O último
show realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro
Guararapes do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários
artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas
palavras: “ Boa Noite minha gente! (…)
Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho receber essa Homenagem.
Estou feliz, graças a Deus, por ter conseguido chegar aqui. E estou até melhor
um pouquinho. Quem sabe, né?
“Quero ser lembrado como o
sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os
animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o
amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros
poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero
ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto,
que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e
amor. Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana.
Gostaria que lembrassem muito de mm; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o
Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes.
Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (…) Muito obrigado.”
Na quarta
feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às pressas ao
Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, onde veio a falecer.
Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “VOCÊS NÃO ME LEVEM A MAL.
SINTO MUITAS DORES E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” Luiz Gonzaga travava
naquele hospital uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada
vez mais preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga
não resistiu, o Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. O Asa Branca da Paz voava para a eternidade deixando um
grande exemplo de vida a ser seguido.
O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, às 5h15min. Da
manhã no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz
Gonzaga dava seu último suspiro. Seu corpo foi velado na Assembleia
Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até às 09h45min da manhã, foi velado
também em Juazeiro do Norte. CE, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro às
17h, local onde repousa os restos mortais de Padre Cícero Romão Batista,
apesar de o corpo do Rei ter chegado no aeroporto de Juazeiro Norte às
15:20min. Do dia 03 de agosto. Palavras de Gonzaguinha ainda no aeroporto
de Juazeiro: “TUDO BEM, VAMOS ENTRAR NA CIDADE. SE O POVO
QUER, QUE PODEMOS FAZER?”
O corpo do Rei
do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a noite. Foi
velado na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e todo o dia
04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15h45min. Das
centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na igreja Bom Jesus dos
Aflitos em Exu, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava esta que o repórter
Gildson Oliveira transcreveu a seguinte mensagem: “Amado Lula: o silêncio acende
a alma… O País canta sua voz… Os pássaros se entristecem com a partida da Asa
Branca, mas fica em nossos corações a sua história. E a nossa festa é esta.
Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto viverá.”
O corpo de Luiz
Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da
cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas
manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a
sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20
mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16h50min. Luiz Gonzaga foi embalado
no seio da terra na sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma
outra coincidência é que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu
no amanhecer do dia 13 de dezembro de 1912.
Em 1990 foi
lançado pela Editora Martin Claret o livro LUIZ GONZAGA, VOZES DO BRASIL. O filho Gonzaguinha depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos
amigos sobre a preservação do Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por
ocasião de um acidente automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991,
morrendo no mesmo dia. Em 1991 o jornalista Gildson Oliveira
lançou o livro LUIZ GONZAGA, O MATUTO QUE CONQUISTOU O MUNDO.Sua esposa, Dona Helena Gonzaga, conhecida por “MADAME BAIÃO”, faleceu na manhã
do dia 04 de fevereiro de 1993 na Casa Grande do Parque Asa Branca.
Em 1994 o
cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ GONZAGA,
NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o livro
VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor Uéliton
Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO BAIÃO. No ano
2000 a professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM
MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural, fruto de sua tese de doutorado.
Ainda no corrente ano a professora Elba Braga Ramalho lançou o livro LUIZ
GONZAGA: A Síntese Poética e Musical do Sertão. Fruto de sua tese de
doutorado na University of Liverpool, na Inglaterra. Em dezembro 2001 eu, este
pequeno devoto do Rei do Baião, escrevi um opúsculo em homenagem ao Rei do
Baião, intitulado: “Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz”. Graças a Deus consegui
a apresentar a Chiquinha Gonzaga, irmão do Rei do Baião, e recebi dela a
aprovação do trabalho.